domingo, 19 de agosto de 2007

Apagão do Ensino Médio - Parte I

Li na edição de hoje do Diário da Manhã, que temos um déficit de cerca de 400 mil professores das ciências básicas. Trocando em miúdos, que dizer que faltam professores de Física, Química, Matemática e Biologia, nessa ordem de necessidade.
Na verdade, essa notícia não é uma novidade, considerando-se a desvalorização crescente do magistério nos últimos anos. Eu particularmente elenco 3 motivos básicos para essa falta de pessoal. Neste post vou falar do primeiro deles:
1. Salário - Quem em seu juízo perfeito irá se formar em licenciatura para ter uma média salarial de 1000 reais? Aqui em Goiás, um concurso público para o Ministério Público Estadual paga 1100 reais para quem tem até a quarta série primária. O concurso para Bombeiro em 2005 teve mais candidatos de nível superior do que o concurso para a educação. E olha que não estou desrespeitando os bombeiros, que ainda acho que ganham pouco. Ou seja, conheço vários professores que irão prestar o concurso do MInistério Público e se passarem, vão abandonar a escola. Lembrando que para ter uma média salarial de 1000 reais, os professores tem que ter a carga máxima. Aqui em Goiás são 28 aulas ministradas por semana.
Logicamente a melhoria das condições de trabalho do professor não passa somente pelo salário, mas também e principalmente por ele. Uma boa fonte de subsistência, deixa o profissional mais tranquilo, mais incentivado e com menos preocupações que podem interferir em seu trabalho em sala de aula.
Discursos sobre formação continuada, prêmios por desempenho, estrutura da escola, magistério como missão, entre outros, não podem ser levados a sério enquanto não for resolvido o problema básico do professor, que é o salarial.
Alguns estados dão um aumento salarial ao professor que fizer mestrado ou especialização. O percentual em termos salariais é tão pequeno que ao invés de incentivar a formação, desincentiva. Não são poucos os professores que ao adquirirem o título de mestre abandonam a escola.
Portanto, acredito que o problema salarial é a primeira etapa a ser resolvida se quisermos aumentar o número de professores no Brasil. Se houver oferta de um salário digno e de acordo com a importância da profissão, os jovens serão atraídos para o magistério.
Se ocorre uma grande evasão nos cursos de licenciatura, além da baixa procura no vestibular, o problema é o salário. Isso gera um ciclo vicioso, pois, baixa procura, baixa formação, poucos professores e assim por diante.
Pague pouco, baixa procura. Pague melhor e observe. Os jovens assitem televisão e conhecem seus professores. Podem ser desinformados às vezes, mas não são burros.